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# Deus como o centro do Universo, será mesmo?

É comum e natural vermos no legado histórico das religiões judaico-cristãs e islâmica narrativas que colocam sua (única) deidade como o ser original e central do Universo onde todos o eventos ocorrem inescapáveis ao seu controle, o chamado teocentrismo, mas, diante de uma perspectiva mais abrangente, não é o que realmente acontece.

A criação de Adão, Michelangelo. Capela Sistina.

Independente de qual vertente ou subsegmento doutrinário pregado por qualquer uma destas religiões, é irrefutável que seus membros depositam todos os eventos bons ou ruins do universo girando em torno do eixo divino. Sob uma perspectiva humana (e religiosa) o teocentrismo guia e regula a vida de todos nós.

Todavia, abandonando a perspectiva de 'dentro para fora' desta ótica e analisando os fatos de uma forma mais global, verificamos que é o próprio homem quem ocupa o centro de uma sistema orbital onde as atenções das entidades espirituais gravitam e, até certo ponto, não conseguem se desvencilhar, inclusive e principalmente a suprema.

Isso porque, ainda que perante o ensinamentos religiosos, Deus seja o ser infinitamente poderoso e criador de todas as coisas para onde todas a atenções deveriam se voltar, estes mesmos ensinamentos descrevem sua natureza como a de um criador apaixonado fixamente por uma de suas criaturas: nós.

Tamanha é a paixão que em pouco ou nada se diferenciaria daqueles típicos casos de admoestação em pessoas que não conseguem furtar-se de sentimentos obsessivos por outras, compulsivamente querendo controlar seu passos e saber de seus afazeres.

Desde que fora criado e dos sucessivos e desastrosos episódios, o homem passou a ocupar o palco central dos acontecimentos. Nesta incrível epopeia, duas grandes e antagônicas forças se digladiam pela atenção e interesse dos homens: de uma lado Deus, com toda a sua paixão obsessiva-compulsiva e, do outro, levado por sentimentos nefastos de ciúmes, inveja e ressentimento, Lúcifer lutando pela nossa "perdição". Anjos e demônios seriam os espectadores que, vez por outra, seriam convidados a subir ao palco.

Ao contrário do que possa parecer, não sou teólogo, muito menos religioso, mas trago o assunto à discussão para que possamos ter uma reflexão maior sobre contra-sensos que costumam nos rodear e não nos damos conta.

Sou cético e agnóstico, não creio na existência do sobrenatural. Pelo menos, não até que hajam provas concretas, plausíveis e irrefutáveis do contrário. E, na possibilidade existir, acredito que não seja da forma tradicional como nos é doutrinado.

As habituais afirmativas dogmáticas nos conduzem a ver este possível engenheiro do universo como um ser perfeito dissonante de nossas viciosas imperfeições. Porém, não é preciso ter um olhar muito aguçado para perceber traço inegavelmente humanas Nele de acordo com essas mesmas afirmativas.

Reza a tradição que Deus criara o homem a sua imagem e semelhança e que teríamos nos tornado imperfeitos por efeito do pecado original, mas o que dizer quando o próprio criador, elegido como a suprema perfeição, apresenta características de paixões tão imperfeitas e humanas como ódio a rancor e desejo de vingança?

Acredito que, se realmente houve ou ainda há algum tipo de ser ou seres construtores e mantedores do nosso universo, o mais provável é que não seja como vem sido descrito; e sim, que essas doutrinas não passam do produto do imaginário humano, ora dotado de sinceros anseios, ora de interesses de controle social e poderio sobre os crédulos.

Por fim, talvez nossa existência seja apenas constatada, mas não expectada pelo(s) possível(is) criador(es) do Universo. É provável que sejamos apenas uma variante casual resultante da criação das leis que regem a natureza, inclusive nossa própria consciência. Mas isso no caso de existir(em) realmente.

Por: Leandro Lima.

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