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# Rotavírus, um potencial marcador de contaminação hospitalar

Um estudo realizado no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) analisou a presença de rotavírus A em superfícies hospitalares com o objetivo de estabelecer um protocolo de detecção da contaminação de superfícies e objetos nestes ambientes. A pesquisa foi apresentada durante o I Simpósio Latino Americano de Virologia Ambiental, realizado pelo IOC, no Rio de Janeiro, de 5 a 7 de maio.

Reprodução microscópica estilizada de um rotavírus. (Foto: Science Photo Library.)

O resultado pode contribuir no combate à infecção hospitalar, especialmente relevante entre pacientes com baixa imunidade, como recém-transplantados ou pessoas que vivem com Aids. O estudo piloto, que também apresenta informações sobre a persistência do vírus no ambiente, foi realizado numa unidade de terapia intensiva (UTI) de um hospital no Rio de Janeiro.

De janeiro a junho de 2009, foram coletadas amostras mensais de 12 superfícies e objetos em sete leitos da UTI. Um total de 504 amostras foram coletadas dos seguintes locais: dispensadores de álcool gel e de clorexidina, botão de descarga do toalete, cadeira do acompanhante, tampa de recipiente de resíduos comuns, maçaneta da porta de fora do banheiro e do quarto do paciente, controle da cama, teclado da bomba de infusão, controle remoto da TV, mesa e telefone.

As amostras foram obtidas por fricção (swab) e colocadas em meio de cultura. Segundo a metodologia de RT-PCR, detectou-se que 5% (25/504) das amostras estavam contaminadas com rotavírus A. Utilizando-se a metodologia Nested RT-PCR (metodologia qualitativa), 14,5% (73/504) das amostras deram positivas, sendo que 45 destas apresentaram carga viral entre 3.4 x 10ºcg/mL e 2.9 x 10³cg/mL.

Como conclusão, o estudo sugere o uso do rotavírus A como um possível biomarcador de contaminação de superfícies em ambientes hospitalares. “Os vírus são responsáveis por cerca de 30% das infecções hospitalares. Identificar marcadores de contaminação é muito importante para diminuir os riscos de pacientes serem infectados, especialmente aqueles que apresentem quadros de baixa imunidade, como recém-transplantados e pessoas que vivem com HIV”, explicou Ana Carolina Ganime, do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC, responsável pelo estudo. “Os rotavírus A podem ser bons indicadores de contaminação, pela boa estabilidade apresentada pelos vírus gastroentéricos no ambiente.”

Ana Carolina lembra que o resultado também pode ser importante para a higienização de UTIs pediátricas. “A epidemiologia de gastroenterites causadas por rotavírus está muito associada às crianças, por isso é importante avaliar a contaminação desse tipo específico de unidade de tratamento”, acrescentou.

Os aplicadores de álcool gel e o botão de descarga dos vasos sanitários foram as principais superfícies contaminadas apontadas pelo estudo. “Isso revela a falta de uma cultura de lavar corretamente as mãos, que muitos acompanhantes e até mesmo o pessoal da equipe médica substitui pela aplicação de álcool gel”, explicou. “Um treinamento básico de como proceder corretamente essa higienização e a conscientização de médicos, enfermeiros e visitantes sobre a importância desse procedimento poderia, por isso, diminuir o grau de contaminação dessas superfícies.”

A detecção da presença de rotavírus A em amostras coletadas durante o estudo indica a necessidade de serem definidos critérios que levem em consideração os recentes conhecimentos científicos no campo da virologia ambiental, aprimorando a vigilância sobre os espaços hospitalares.

Após dois meses de estudo, foi realizada uma reunião com os profissionais do hospital, que receberam orientação no sentido de aplicar critérios de higienização mais rígidos. Como resultado, foi registrada uma significativa diminuição dos potenciais de contaminação das superfícies nos anos posteriores.

“Essa diminuição indicou que a aplicação de maior rigor nas normas de higienização dos espaços hospitalares pode ter impacto decisivo na contaminação das superfícies”, avaliou. “A grande redução do percentual da contaminação foi associada diretamente à mudança da equipe de limpeza e a uma maior atenção às normas de limpeza hospitalar”, afirmou.

O estudo também apontou que 23% das amostras positivas para rotavírus A foram coletadas em leitos vazios. “O resultado mostra que a limpeza não era feita de forma rigorosa na saída dos pacientes ou durante o período em que o leito permanecia desocupado. Além disso, obtivemos a indicação de que o rotavírus conseguiu resistir nessas superfícies por períodos superiores a 60 dias”, apresentou. 

O rotavírus A é a principal causa de gastroenterite aguda viral em crianças menores de 5 anos de idade. Está diretamente associado a quadros de diarreia e vômito e é transmitido por diferentes vias, incluindo a transmissão oral-fecal e a transmissão por meio de objetos e superfícies contaminados.

Fonte: Comunicação / Instituto Oswaldo CruzPor: Marcelo Garcia.

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